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Regionais
ONGs querem paralisar abate de javalis em 'Vila Velha' A ação seria precipitada segundo os ambientalistas. A própria Secretaria do Meio Ambiente afirma ser contrária ao abate dos animais Por: Luciana Almeida O Grupo Fauna de Ponta Grossa e o Movimento SOS Bicho de Curitiba querem a paralisação das atividades de abate dos javalis capturados no Parque Estadual de Vila Velha de Ponta Grossa. Na semana passada, as ONGs encaminharam ofício ao Ministério Público Estadual e ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) pedindo a interrupção da ação até que sejam apresentados estudos conclusivos sobre a questão. De acordo com o IAP, as espécies são consideradas invasoras e estariam desestabilizando o ecossistema do parque. Por sua vez, a voluntária do Fauna, Andresa Jacobs, explica que – conforme normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) - o abate de animais somente pode ser feito depois de esgotadas todas as alternativas de manejo, o que não aconteceu. Sem observar a normativa, quatro armadilhas foram espalhadas pelo parque ainda no início deste mês. "A proposta anunciada pelo IAP também não foi apresentada para consulta no Conselho Gestor do Parque, do qual o Fauna também é membro", acrescenta. Todas as decisões, conforme explica Andresa, devem passar por discussão e votação em conselhos específicos, audiências públicas ou similares. "Nestas oportunidades, representantes da sociedade civil organizada, incluindo o movimento de defesa animal, podem participar do processo de discussão e decisão", argumenta. Andresa explica que os ambientalistas não são contrários ao manejo dos javalis, já que reconhecem os danos que o animal – considerado exótico para o local – pode causar. A crítica fica por conta do abate. "Antes de partir para a morte dos animais, alternativas poderiam ter sido utilizadas como a contenção destes animais e alocação em um santuário e a castração dos machos. Também há de se pensar em legislação restritiva para a entrada dos javalis, que foram introduzidos na região por produtores que viram bom negócio na comercialização da carne". A voluntária do Fauna é categórica ao afirmar que a ação foi precipitada. "Durante a reunião, o próprio IAP admitiu que não há estudos suficientes a respeito do impacto causado pelos animais no Parque. Também não foi quantificado o número total de espécies existentes no parque. Um processo de controle de animais exóticos deve passar por uma série de análises antes de ser posto em prática". O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, afirma que o abate dos animais já está paralisado. "Vamos continuar com a captura, mas até que a situação se defina o abate não será feito", garante acrescentando que já solicitou a convocação do Conselho Estadual da Fauna para discutir e deliberar sobre a forma mais adequada de se conter os javalis. O posicionamento da própria Secretaria – a qual o IAP é subordinado – é contrário ao abate dos animais. "Como órgão ambiental, não podemos defender o abate de qualquer tipo de vida, exceto se o Conselho der o aval ao procedimento". A assessoria de imprensa do Ministério Público do Paraná confirma a abertura do procedimento, através do qual já foram solicitadas mais informações sobre a questão junto ao IAP, Ibama e à Polícia Florestal.
Jornal da Manhã – Ponta Grossa
'Fauna' questiona captura de javalis em Vila Velha
Preocupados com as declarações dadas à imprensa pelo diretor do Instituto Ambiental do Paraná, Victor Hugo Burko sobre o manejo dos javalis no Parque Estadual de Vila Velha (PEVV) voluntários do Grupo Fauna, de Ponta Grossa e Movimento SOS Bicho, de Curitiba, estiveram reunidos com a diretoria do Parque para solicitar esclarecimentos sobre o tema. As declarações do presidente da entidade incluíam um plano de capturas dos javalis em armadilhas especiais e seu abate, com possível doação da carne para órgãos assistenciais da cidade. Os ambientalistas qualificaram como precipitadas e pouco plausíveis as declarações do presidente do IAP.
Durante a reunião, o diretor de Biodiversidade do IAP, João Batista Campos admitiu que não existem estudos suficientes a respeito do impacto causado pelos animais no Parque, tampouco se sabe o número total dos espécimes.
As ONGs encaminharam ofício ao IAP e MPE solicitando a paralisação das atividades previstas até que sejam realizados e apresentados estudos sobre o tema no Parque, embasados na Normativa do Ibama 141, que permite o abate desde que todas as alternativas viáveis de manejo sejam esgotadas.
Gazeta do Povo – Curitiba
Conselho vai decidir sobre abate de javalis
Secretário do Meio Ambiente faz coro a ambientalistas e se diz contrário à medida
Maria Gizele da Silva, da sucursal
O anúncio feito no último dia 6 pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) sobre a captura e o abate de javalis no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, causou mal-estar entre ambientalistas e o próprio secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues. O presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, visitou o parque e acompanhou a construção da primeira armadilha para capturar o animal, que é exótico e está causando estragos na unidade. Uma semana depois, ambientalistas se reuniram com a direção do Parque e pediram a suspensão do projeto. Ontem, Rodrigues disse que vai encaminhar o caso ao Conselho Estadual de Proteção à Fauna (Confauna). O secretário se disse contrário à proposta do IAP.
A coordenadora do Grupo Fauna, de Ponta Grossa, Andresa Jacobs, afirmou que os militantes são favoráveis ao manejo do animal porque reconhece que a espécie está competindo por espaço e comida com os animais nativos existentes no parque, mas defende uma maior discussão. "Estamos preocupados com o encaminhamento desses animais, porque não pode ser uma atitude precipitada. Existem normas que precisam ser cumpridas", afirma Andresa.
Os ambientalistas apontaram falhas no projeto: não há estudo conclusivo sobre quantos javalis existem no Parque, a quantidade de comida colocada nas armadilhas não é tão atrativa quanto a encontrada pelo animal nas lavouras ao redor da unidade e o projeto não passou pela análise do Conselho Gestor do Parque. A morte dos animais, segundo Andresa, pode ser considerada maus-tratos, que é crime ambiental. Até o momento, nenhum animal foi capturado.
Rodrigues afirmou que também é contra a proposta do IAP. Ele adiantou que a discussão sobre o manejo dos javalis será analisada pelos membros do Confauna. "Se o Conselho decidir pelo abate, eu vou acatar, mas precisamos de uma discussão a fundo", afirmou. Rodrigues acrescentou que não sabia da proposta do abate até a divulgação na imprensa.
O presidente do IAP, Vitor Burko, não foi encontrado ontem. No último dia 6 ele disse que a medida era a única alternativa para amenizar os estragos causados pelo animal em Vila Velha, como a erosão e o ataque a espécies nativas.